Falsa esperança
25 de maio de 2009
Gozaria de maior satisfação agora, me desprendendo dessa vida, largando a tristeza com um amável impulso, ou esperando pelo momento oportuno, esse que chegaria após inestimável destruição e exaustão?
Passamos todos os anos contando pequenas frações de tempo e quando chega a um determinado ponto achamos que tudo mudará, que nossas vidas vão melhorar, como posso nomear: ilusão ou falsa esperança?
Enfim, ainda com dúvida.
Dias, mais dias...
23 de maio de 2009
Quero fugir! Desaparecer!
Se tornaram não menos que tediosos meus caminhos e os lugares frequentados.
Admiro, observo o tempo na esperança de que corra, mas logo se inicia novamente a rotina e retomo os insuportáveis e inevitáveis rumos.
Há até mesmo rostos, vozes, presenças que não posso tolerar.
Estou farta de faces que se dizem amigas, de ouvir vozes com "palavras-ajuda", de sentir presenças forçadas.
Minhas vontades ficaram para trás, meu humor inigualavelmente tedioso, conversas são mal desejadas, me relacionar então se tornou quase um sacrifício.
Odeio tudo e não aguento ninguém tentando dar lição de moral, doce hipocresia, todos têm raiva e eu apenas demonstro sem medo algum.
Tudo o que almejo é sumir e poder ficar só, o que é contraditório visto que desejo também boas companhias.
...
Sou contraditória, confusa, estranha, um paradoxo, errante, a melhor definição: louca, não me julgo nem aceito que me julguem. Uma tempestade de nervos!
"Cada um de nós é a bússola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte..."
Alphonsos de Guimaraes
Tentando sobreviver
17 de maio de 2009
Não sei se posso/devo acreditar, me sinto boba demais para isso, será que tudo o que se passou já não foi o suficiente para que eu pudesse me prevenir de futuras mágoas? Aí é que está, mesmo sabendo, tendo total consciência, meus sentidos não se importam com o abatimento, meus instintos querem ir em frente, sem sensatez aproveitar o que puder e depois quebrar a cara, perder a passividade. Já não sei nem a quem ouvir e muito menos a quem falar, aliás, prefiro não falar, ter a discrição.
É difícil de controlar, conter a desconfiança, a aspereza.
E é com esta severidade que vivo dia após dia, ainda me conhecendo e superando algumas características psicológicas.
Estou tentando seguir a quatro itens, ou melhor, Quatro Compromissos:
1º ser impecável com minha palavra. Por meio da palavra é possível materializar ou destruir, é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo se pode gerar a liberdade ou a escravidão. Tento não culpar e usá-la na direção da verdade e não ligada ao veneno emocional;
2° não levar nada para o lado pessoal. Levar para o lado pessoal é assumir que você concorda, é puro egocentrismo, nada do que os outros fazem é motivado por nós e sim por eles mesmos. Penso da seguinte forma, se alguém está bravo comigo, sei que está lidando consigo mesmo, sou a desculpa para a irritação, a expressão do medo, até porque sem ele não há motivo para sentir ansiedade, ciúme ou inveja;
3° não tirar conclusões. Temos a tendência de tirar conclusões sobre tudo. Mas o erro é que fazendo isso estamos interpretando segundo nossa ótica. Fazer presunções é pedir problemas, não podemos achar que todos têm a mesma crença. Ficamos com medo de pedir esclarecimentos, tiramos conclusões, acreditamos estar certos, depois as defendemos e tentamos tornar a outra pessoa errada. Também serve para quando esperamos demais do próximo, esperamos que os outros estejam dispostos a fazer o mesmo que nós, o que significa que você pode fazer algo grandioso por alguém mas nem por isso haja a disposição do outro para fazer algo semelhante;
4° dar sempre o melhor de mim. Seria colocar em prática os outros três.
Não criar expectativas foi o meio que arrumei para não me decepcionar.
Pois bem, estou vivendo...
Tristeza do Infinito
14 de maio de 2009
Anda em mim, soturnamente,
uma tristeza ociosa,
sem objetivo, latente,
vaga, indecisa, medrosa.
Como ave torva e sem rumo,
ondula, vagueia, oscila
e sobe em nuvens de fumo
e na minh'alma se asila.
Uma tristeza que eu, mudo,
fico nela meditando
e meditando, por tudo
e em toda a parte sonhando.
Tristeza de não sei donde,
de não sei quando nem como...
flor mortal, que dentro esconde
sementes de um mago pomo.
Dessas tristezas incertas,
esparsas, indefinidas...
como almas vagas, desertas
no rumo eterno das vidas.
Tristeza sem causa forte,
diversa de outras tristezas,
nem da vida nem da morte
gerada nas correntezas...
Tristeza de outros espaços,
de outros céus, de outras esferas,
de outros límpidos abraços,
de outras castas primaveras.
Dessas tristezas que vagam
com volúpias tão sombrias
que as nossas almas alagam
de estranhas melancolias.
Dessas tristezas sem fundo,
sem origens prolongadas,
sem saudades deste mundo,
sem noites, sem alvoradas.
Que principiam no sonho
e acabam na Realidade,
através do mar tristonho
desta absurda Imensidade.
Certa tristeza indizível,
abstrata, como se fosse
a grande alma do Sensível
magoada, mística, doce.
Ah! tristeza imponderável,
abismo, mistério, aflito,
torturante, formidável...
ah! tristeza do Infinito!
Cruz e Sousa
Eu te amo como...
4 de maio de 2009
Autor
- Amanda
- São Paulo, SP
- Sem definições precisas, sou contraditória e impulsiva, minimalista e inconstante, um tanto quanto bipolar. Sou dois opostos que repelem-se. Sou só mais alguém...
Embriague-se...
É preciso estar sempre embriagado.
Isso é tudo: é a única questão.
Para não sentir o horrível fardo do tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que?
De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.
Mas embriague-se.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão:
É hora de embriagar-se!
Para não ser o escravo mártir do tempo, embriague-se;
embriague-se sem parar!
De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.
Baudelaire
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